
Fim de ano: o que primeiro vem à cabeça é celebrar!
Comemorar a vida, passada a fase aguda da pandemia faz todo o sentido, mas gostaria de aprofundar um pouco mais a ideia do significado ancestral das festas de fim de ano.
Em épocas remotas, encontramos as festividades para celebrar o solstício de inverno no hemisfério Norte, principalmente entre os romanos. Homenageavam o deus sol, um período de renovação. Voltando ainda mais no tempo, encontramos as festas pagãs - festas do fogo em toda a Europa Central e do Norte. Nelas eram lembradas a vitória do Sol sobre a escuridão, da luz sobre as trevas. O êxito sobre as forças pertencentes ao oculto, às profundezas, ao escuro, ao demoníaco.
Triunfo que remetia à vivência e celebração do divino em cada ser humano, uma lembrança da união primordial com a sabedoria cósmica, espiritual. Um tempo em que o caminhar do homem estava em sintonia com os ritmos e forças da natureza. Tempo de equilíbrio e harmonia.
Entretanto a humanidade caminhou desde tempos imemoráveis até os dias de hoje. A vida na Terra é um eterno jogo entre a harmonia existente no cosmo e a desarmonia existente no homem e nas inter-relações entre os seres. Jogo de luz e escuridão, ordem/ritmo e caos/desordem.
O pensar científico, intelectualizado e o materialismo permeia a vida humana. Trilhamos um caminho e chegamos a um ponto ao qual não há mais retorno - a chamada evolução. Isso é real, é o ponto ao qual chegamos, não estou pregando uma volta ao passado, uma saudade do Paleolítico ou do Neolítico.
Rudolf Steiner, em palestra de 14/12/1905, fala em "quanto mais submerge em nós o que sentimos lá fora como harmonia no mundo, tanto mais paz e concordância existirão na Terra."
Então que este final de ano seja sim uma época de celebrar e comemorar, liberando tudo o que ficou calado e trancado nos últimos tempos: insegurança, medo e indignação pelo cenário econômico, político e social que vivenciamos no dia a dia.
Porém que seja também uma oportunidade para reflexão, contemplação, devoção e reverência. Para assim fazer emergir o que Rudolf Steiner denominou como "sentimento vivo da relação do ser humano com o universo", um grande agradecimento à Vida, às forças de renovação e ao renascimento do Bom, Belo e Verdadeiro.
Caminhemos com Amor e confiança, a passos firmes e fortes!
Citações e fonte de pesquisa: Steiner, Rudolf - Conferencias Natalinas - São Paulo: Editora Antroposófica, 2019
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